Saiu no Diário de Notícias de Lisboa,e no site SAPO, um artigo sob o título "Um Planeta de Água", de autoria do Geólogo A.M.Galopim de Carvalho, que transcrevemos abaixo:
Pela distância a que se encontra o Sol, a superfície do nosso planeta caracteriza-se por um intervalo de temperaturas que permite a presença de água nos estados sólidos, líquidos e gasoso, sendo o líquido o de mais vasta representação e o que maior influência teve e tem nos processos geológicos e biológicos.
A vida nasceu na água, líquido essencial à composição e fisiologia das plantas e animais.
Grande parte do corpo dos seres vivos é água.
A água é essencial à alteração das rochas e à formação dos solos, à erosão e à deposição de sedimentos. Mas o papel da água não se confina aos processos superficiais.
Está ainda presente nos processos físicos e químicos internos geradores de rochas como o granito, balsalto e muitas outras.
Na Terra, o precioso líquido terá surgido por condensações de uma atmosfera primitiva, rica em vapor de água, a que se terá juntado muita água transportada por cometas.
Teria bastado o abaixamento da temperatura na superfície, para valores inferiores a 370°C, e uma diminuição da pressão atmosférica, para níveis na ordem dos 220 bars, para que o valor de água condensasse e começasse a preencher as áreas mais deprimidas do planeta de então, originando as primeiras bacias isoladas que puderam crescer em profundidade e extensão, acabando por coalescer em um ou mais oceanos primitivos.
Hoje, com cerca de 71% da superfície coberta por este líquido, o nosso planeta, se reduzido a uma esfera, estaria envolvido por uma camada de água, com cerca de 2.5 km de espessura.
As águas pluviais e a precipitação de neve alimentam rios e glaciares, cuja ação erosiva modifica constantemente, o relevo da Terra, escavando vales, arrasando montanhas e aplanando vastas extensões da sua superfície.
Sendo o principal agente da alteração das rochas, a água está na origem do solo. A água exerce erosão química sobre as rochas, carregando-se de sais que transporta para os oceanos.
Foi no seio da água que teve lugar a formação de algumas moléculas existentes no mundo orgânico, entidades que , acumuladas nos mares primitivos, ainda quentes, geraram as primeiras fases de uma evolução progressivamente mais complexa, mas ainda não considerada vida.
Numa caminhada de complexidade crescente, algumas macromoléculas, surgidas dessa evolução, adquiriram capacidade de regular a informação genética, esbatendo a diferença que separa o mundo vivo do mundo mineral.
Sempre no seio da água, os já então seres vivos foram melhorando a sua eficácia na utilização da energia e só muito mais tarde, uns tres mil e quinhentos milhões de anos depois, a vida pôde sair do mar e povoar as terras emersas.
fonte: http://dn.sapo.pt, tools/imprimir.html?file=/2008/06/14/ciencia/um_planeta_agua.html
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