Nova notícia: Blog Era da Água - Hidroplan 26/02/2014
Engodo na busca de água subterrânea
As
agruras da seca todo cearense conhece. As parcas fontes superficiais de
água doce também. O que não sabe o cearense, principalmente do
semi-árido, é que pode muitas vezes contar com água subterrânea. Não é
somente em terrenos sedimentares ou calcários que ela ocorre. As
fraturas que a natureza geológica deixou de presente nos terrenos
graníticos são boas condutoras de água que se armazena no subsolo à
espera de ser encontrada.
Daí
a corrida pela perfuração de poços tubulares com não mais que duas
centenas de metros de profundidade para alcançarem depósitos de vazão
econômica. Órgãos governamentais como Funasa, Dnocs e BNB financiam as
perfurações. Nem sempre acertam e aplicam adequadamente o dinheiro
público. Muitas vezes resvalam na falta de seriedade técnica quando se
trata de aplicar os recursos na busca dos aqüíferos subterrâneos. O
maior desvio se dá quando não atentam para a qualidade científica do
projeto.
Por
incrível que pareça, existem projetos financiados que não são assinados
por geólogos especializados em geofísica e hidrogeologia, profissionais
legalmente habilitados para encontrar e fazer as locações dos poços
tubulares. Amadores e oportunistas se locupletam sem fornecer o mínimo
de segurança aos usuários e populações carentes, prestando desserviços e
causando prejuízos ao erário. Recentemente, a APGCE – Associação
Profissional de Geólogos do Ceará encaminhou ao Crea-CE um ofício
denunciando esta aberração.
Em
pleno século XXI, não é mais possível se acreditar que forças do além
se concentrem na mente, braços e mãos de quem segura uma varinha e sai
pelo campo sentindo a “força da água subterrânea” lhe dizer que é ali
que deve ser perfurado um poço. O mágico rabdomante, que lembra as
figuras de Pierre Le Brun e as críticas das práticas supersticiosas de
Jean Frédéric Bernard (1733-1736) ainda existe no Ceará.
É
moderno, tem sempre uma camionete equipada com uma sonda rotativa a
diamante para sair por aí fazendo buracos a preço de ouro que,
evidentemente, não produzem vazão adequada nos terrenos cristalinos.
Para eles e seus contratantes não são necessários estudos
hidrogeológicos e geofísicos de eletroresistividade para se determinar
onde perfurar. O que conta é a conta paga com dinheiro do povo.
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